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06/05/2025

Brasil aumenta dependência de diesel importado da Rússia e dos EUA, aponta estudo

FETRONOR

O Brasil importou mais de US$ 8,3 bilhões em óleo diesel em 2024, tornando o produto o segundo mais importado do ano, atrás apenas dos óleos brutos de petróleo, que somaram US$ 8,6 bilhões. Os dados são de uma pesquisa inédita da Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados, com base nas informações do Comex Stat, plataforma do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Segundo o levantamento, 82% do diesel importado pelo Brasil tem origem em apenas dois países: Rússia e Estados Unidos. Entre 2016 e 2020, os EUA eram responsáveis por até 84% das exportações de diesel ao Brasil, mas esse cenário mudou. Em 2022, a participação americana caiu para 57%, enquanto a Índia apareceu como segundo maior fornecedor, com 16%. Naquele ano, o Brasil gastou US$ 13,9 bilhões com a importação do combustível.

A mudança se intensificou após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Com as sanções impostas pela União Europeia aos russos, a Rússia passou a direcionar a exportação de seus combustíveis para novos mercados, incluindo o Brasil. Em 2023, a Rússia forneceu 27% do diesel importado pelo país, número que saltou para 65% em 2024.

De acordo com Jackson Campos, diretor de relações institucionais da AGL Cargo, o aumento da importação de diesel russo se deu por conta de preços mais baixos, resultado das sanções ocidentais. "Importar da Rússia ajudou a aliviar o impacto de um petróleo caro e de um câmbio pressionado. Mas é uma solução que traz riscos. Se houver qualquer instabilidade ou mudança nas relações comerciais, podemos sentir isso na bomba em questão de semanas", afirmou.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro do diesel no Brasil está em R$ 6,19. Já o diesel S-10, com menor teor de enxofre, custa em média R$ 6,26.

Mesmo com a crescente dependência externa, o país tem ampliado gradualmente a produção doméstica. A Refinaria Presidente Bernardes, da Petrobras, localizada em Cubatão (SP), produziu 990 mil m³ de óleo diesel S-10 no segundo trimestre de 2024, registrando recorde histórico. Até outubro de 2024, foram produzidos 24,6 bilhões de litros, um crescimento de 5,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O estudo da Nexus destaca ainda que a alta dependência de importação decorre da limitada capacidade de refino nacional. Especialistas defendem que o Brasil invista em diversificação de fornecedores e em maior segurança energética. "O diesel é um dos motores da economia brasileira. Precisamos pensar em diversificação, segurança de abastecimento e estratégias que garantam previsibilidade para o setor", reforça Campos.

Foto: Divulgação